segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fonte do Senhor Bom Jesus

No dia 1 de dezembro de 1737, a Câmara de Iguape confiou ao capitão João Pereira do Vale, pelo preço de 190 mil réis, as obras de uma "casa de abóbada" na Fonte do Senhor, destinada ao abastecimento público de água na Vila, e mais a construção de um pelourinho, à época o símbolo da Justiça. Essa “casa abobadada” é a "Gruta do Senhor", que foi construída sobre a pedra na qual, reza a tradição, lavou-se a imagem do Senhor Bom Jesus de Iguape para lhe ser retirado o salitre do mar, no ano de 1647. Essa casa foi construída de pedra e cal e possuía dois canos e um tanque no lado de fora para lavagem de roupa, sendo feita de modo que a água corresse sempre para fora da gruta, na direção de onde corria o Rio Ribeira. Protegia a Gruta uma resistente porta de ferro. O capitão Vale comprometeu-se a entregar as duas obras até a Festa de Agosto do ano seguinte. 

Em 8 de agosto de 1757, estando a porta de ferro da Gruta danificada, a Câmara mandou consertá-la. Em 1843, como a Gruta se encontrava um pouco arruinada, a Câmara decidiu restaurá-la, ainda mais porque a "casinha" estava assentada sobre a pedra na qual fora lavado o Santo de Iguape. Determinou também que, como a intenção "dos Devotos que aqui chegão he tirar pequenas partes della, seria prudente que a chave estivesse sempre a disposição do Procurador da Irmandade do Senhor para satisfazer a requizição dos Devotos, recomendando não consinta que alli se lave ninguém, afim de não se perder uma devoção tão conhecida e arraigada no coração dos fiéis". 

A "Gruta do Senhor" é um monumento de forma hemisférica, ostentando no alto de sua cúpula, uma cruz de ferro, tendo uma porta que dá entrada ao seu interior, situado em plano inferior ao nível do solo, por onde se desce através de uma pequena escada de granito. Todos os anos afluem à Gruta milhares de romeiros que vão extrair lascas da pedra que, segundo afirmam, possuem poderes milagrosos. De acordo como a crendice popular, por mais que se retirem lascas, a pedra continua do mesmo tamanho; e, ainda, colocando-se uma lasca num filtro, ela cresce com o tempo. É a lenda da pedra que cresce, que intrigou até o grande escritor Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura, ao visitar a cidade de Iguape no ano de 1949, acompanhado de Oswald de Andrade e outros amigos.





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