domingo, 20 de fevereiro de 2011

Contam que nos anos de 1600 habitava na Vila de Iguape um velho pajé, da tribo carijó, que fora convertido à religião católica por um missionário da Companhia de Jesus. O pajé tinha o hábito diário de subir até o cimo do morro que domina o lado Norte da localidade e, de lá de cima, encostado numa árvore, ficava a olhar a extensão do Mar Pequeno e vizinhanças. De tardezinha, descia do morro e ia para a vila, apregoando para todos que um Bom Jesus da Cana Verde faria de Iguape a sua morada; os seus milagres atrairiam muita gente e todo ano haveria grande romaria. O povo o considerava um louco e não lhe dava crédito, enquanto os moleques corriam atrás dele, zombando-o. À noite, o pajé se recolhia à sua humilde choupana e, pela manhã, seguia para o topo do morro, pois nada abalava a sua convicção. Até que, certo dia, um emissário apareceu na vila e contou a todos que fora encontrada, na Praia de Una, na Juréia, por dois índios, uma imagem do Bom Jesus da Cana Verde e que a mesma já estava sendo trazido para a vila. A expectativa foi geral. Todos aguardaram ansiosamente a chegada da imagem. Primeiramente, a população lavou-a numa pequena fonte existente num dos contrafortes do morro, que depois foi chamada de Fonte do Senhor. Depois, entronizaram-na festivamente no altar-mor da Igreja de Nossa Senhora das Neves, a padroeira da vila. Era o dia 2 de novembro de 1647. Foi então que se lembraram da profecia do velho pajé. Diversas pessoas decidiram ir até a choupana do índio e lá foram encontrá-lo morto, à sombra da árvore, conservando o braço direito estendido na direção do oceano. Conduziram o corpo à vila e enterraram-no junto à igreja. Estava cumprida a profecia do velho pajé. E o monte passou a ser chamado de Morro da Espia.





Nenhum comentário:

Postar um comentário